Existia um garoto em uma vila que era uma daquelas crianças com um dom sobrenatural, tinha um ouvido absoluto, aprendia com muita facilidade a tocar qualquer instrumento musical. Estava nítido que seu futuro era a música.
Passado alguns anos, esse garoto cresceu e nesse seu caminho se dedicou ao máximo ao grande amor da vida dele, a música. E em uma esquina do centro antigo passava horas e horas com sua gaita a tocar os melhores sucessos da época, tinha para todos os gostos. Até que um dia perceberam o dom do rapaz e decidiram tirar ele rua, dar melhores condições e uma melhor estrutura para que esse talento todo fosse bem trabalhado.
Meses depois o adolescente de vinte anos estava prestes a assinar com uma das maiores gravadoras de sua cidade, seria para ele mais uma conquista em sua trajetória, algo que mudaria tudo. Planos e mais planos já vinham em sua cabeça, a relação de musicas que ele mesmo escolheu a dedo já estava pronta, todas essas escritas por ele mesmo.
Chegando o grande dia, ele não conseguia se contiver, era tanta ansiedade e mesmo com as mãos tremula ele empurrou sobre a mesa um pacote recheado com todas as musicas que ele mesmo escreveu, musica já cifradas, tablaturas, todas desenvolvidas por aquele jovem. Nesse exato momento como resposta o dono da gravadora lhe deu o papel mais esperado onde depois de uma assinatura a vida desse jovem mudaria.
O dono da gravadora tratou meio com desdém o calhamaço que o jovem lhe entregou e assim de ante-mão avisou o jovem que aquilo não iria mais servir para nada pois agora ele seria um novo homem e não poderia mas fazer aquele tipo de musica, pois não era o que o publico curtia, ele teria que se adaptar aos gostos do momento, logo suas palavras teriam que se limitar. O jovem com a caneta em cima da onde teria que assinar parou e percebeu que não era justo com ele mesmo, ter que ser o que ele não é só para agradar os outros, então ali mesmo decidiu que não iria assinar nada e que amanha logo cedo voltaria para o centro na mesma esquina que sempre esteve para tocar as musicas dele e as que pediam e assim ele iria ser mais feliz.
Mesmo indignado com a coragem do jovem o dono da produtora riu do mesmo com um tom sarcástico e lhe desejou boa sorte.
Moral: se a minha música não posso tocar, não vou fazer letras só para agradar a você!
Renato Alexandre