domingo, 15 de julho de 2012

A rosa do Garoto


Não se sinta assim garoto!
Dizia aquele pobre jardineiro que a todos os dias tinha duas tarefas, como cuidar de um jardim imaginário que a cada mês que passava mais flores e frutos cresciam e com isso mais trabalho a ele.
Em um dia de trabalho ardo, o pobre jardineiro avistou um garoto que se aproximava de seu jardim, e que na mão carregava uma pequena rosa, já toda despedaçada, completamente sem vida. No momento o jardineiro se assustou com o que viu, ainda mais depois de perceber a forma que o garoto estava, totalmente decepcionado e desiludido.
O garoto caminhava em volta do jardim, parecia a procurar um lugar perfeito para deixar aquela rosa, mas ao mesmo tempo em que ele queria deixar a rosa ele se prendia a ela a ponto de não querer se desfazer dela.
Percebendo o desespero interno do garoto, o jardineiro com toda cautela foi se aproximando do garoto, até que chegou bem perto e disse ao garoto:
- Se não é o que seu coração quer fazer não faça, mas se é o que você precisa fazer, faça de uma vez!
O garoto ainda meio sem entender limpou rapidamente suas lagrimas e em um tom de deboche respondeu rapidamente ao jardineiro:
- O senhor não sabe o que fala, é fácil falar das rosas dos outros quando não se pode ter nem um jardim de verdade né!
Sim, o garoto foi bem abusado, mas o jardineiro entendendo o desespero do garoto relevou as palavras e decidiu ajudar. Enquanto o garoto ainda olhava com atenção onde deixaria à rosa, o jardineiro mostrou para o garoto que ele não era apenas um jardineiro comum, ele era alguém que cuidava de um outro lado das flores, algo que para muitos era imperceptível. E ele disse:
-Não se sinta assim Garoto. Essa rosa está dessa forma, assim sem vida, mas a culpa não é sua, eu sei o quanto você se sacrificou por ela, eu sei o quanto você lutou, deu carinho a ela, deu seu melhor para ela não ter o que reclamar mesmo em dias de tormentas eu sei que você a protegeu para que nenhuma pétala pudesse se soltar, nem mesmo uma folha. E nos dias de sol, você tomou todos os cuidados necessários para ela não ficar muito tempo exposta ao sol. Eu sei disso tudo por que é visível em seus olhos, mas você tem que entender que a própria rosa tem que querer ser mimada assim, às vezes pensamos que escolhemos as rosas, mas na verdade é ela que nos escolhe, é ela que vai decidir se quer que você cuide dela ou não.
E pelo o que eu vejo essa daí não está se esforçando muito não!
O garoto olhou para o jardineiro e em um ultimo dialogo falou:
-Não queria admitir, mas o senhor tem razão, eu não sei mais o que fazer, e a única coisa que me veio na cabeça foi abandoná-la aqui nesse jardim imaginário, para quem sabe ela volte a criar forças e volte a ser aquela rosa viva que eu um dia cuidei, e quem sabe também alguém diferente a encontre e resolva cuidar dela! Então como já estou decidido, vou deixar com o senhor essa minha rosa, e faça o senhor o que quiser com ela, só te pessoa para que não deixe  morrer.
O menino se despediu timidamente e se foi.
O jardineiro com aquela rosa na mão não pensou muito e logo a levou para junto das outras inúmeras rosas que ali estavam, sim junto com as rosas vivas para ela aprender um pouco mais sobre rosas e jardineiros e para que ela pudesse crescer junto com as outras.
Ao deixar a rosa junto com as outras o jardineiro disse, assim em voz baixa mesmo para que ninguém percebesse.
- Vou te deixar aqui, você vai ficar por um tempo, vai voltar a ser forte, vai ser cortejada, desejada, mas sempre ao seu lado terá outras rosas, umas mais bonitas que você, outras mais simples, mas sempre haverá outras ao seu redor, e fique calma pois você pode não ser escolhida, e isso será ruim pois vai perceber a falta que o garoto faz. Se isso acontecer, você terá que torcer para ele voltar aqui para te buscar, mas isso pode nunca acontecer.

E assim a rosa ficou lá, só o tempo vai  dizer como tudo vai ser.



Renato Alexandre

Um comentário:

  1. Caralho, desculpa a palavra mas acho que sou essa rosa...me encontro no jardim..assim como a da história e o garoto pode nunca mais voltar;

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